sábado, 16 de março de 2024

Quem eu sou...

Hoje acordei me sentindo incrívelmente insuficiente, e isso ficou vagando na minha mente por um longo tempo. Percebi que passei grande parte da minha vida (ou toda ela) focada em ser o que os outros esperam que eu seja, focada em ser o que o outro precisa, a melhor filha, a irmã mais velha, a amiga mais dedicada, a mãe mais presente, a esposa mais cuidadosa, a serva mais indispensável, o testemunho de vida e milagre, mas nada disso é de verdade a minha identidade, mas e aí qual é a minha identidade? 
Conhecer e entender o outro sempre foi a minha especialidade, decorar os trejeitos e as manias, linha de pensamentos e padrão de ações, tudo para que eu pudesse ser o que a pessoa precisa que eu seja. Mas essa é uma jornada bastante solitária, percebi que as pessoas nunca tiveram o mesmo cuidado comigo, estão focadas demais nas próprias vidas para perceberem o meu padrão de comportamento (não todas claro), e em geral não estavam tão dispostas a abrir mão de coisas que queriam fazer por mim, não como eu estava. Passei a acreditar que cada um dá o que tem e ficava feliz em dar sempre o melhor de mim. Mas essa sensação de desamparo e solidão só cresceu mais e mais até um ponto em que eu não estava mais entendendo o meu próprio comportamento e o porque de ter tomado certas decisões na vida. 
Já tem alguns anos que eu sempre falo que no meu aniversário vou ao Outback conhecer o restaurante e sempre adiei isso porque minha família acha besteira e meu marido não come aquele tipo de carne, esse ano estava decidida a ir nem que fosse com as amigas mas isso também não foi pra frente e mais uma vez ficou pendente na minha lista uma coisa que eu quero fazer a anos, isso tem queimado dentro de mim com tanta força que me sinto um vulcão prestes a explodir e dando sinais de vez em quando. Mas e aí, como focar essa nova fase da minha jornada em mim? Como descobrir meus padrões de gostos e de comportamento estando dentro dessa cabeça tão condicionada a servir o outro e não decepcionar, como transformar essa em uma jornada sobre mim? 
Nada disso significa que vou deixar de ser todas as outras coisas, mas no momento descobrir quem EU sou parece ser a próxima coisa certa a se fazer, a coisa mais fiel e justa a ser feita por mim e pelas pessoas que estão a minha volta... Mas por onde começar?